5 Lições que eu aprendi com: “I want a UX Job ! How to make a career change into UX Research” da Lauryl Zenobi

Láisa Rebelo
6 min readMay 27, 2021
Acervo Pessoal, 2020

Quando decidi redirecionar a minha carreira para área de UX Research comecei pela etapa principal para começar qualquer coisa: pesquisando! Busquei artigos e livros que me ajudassem a começar a traçar essa jornada e foi aí que eu encontrei esse título. De imediato me cativou porque foi bem direto ao ponto: Eu quero um trabalho de UX – Como fazer uma mudança de carreira para UX Research. Exatamente o que eu estava procurando.

Esse livro é praticamente um manual para quem está em transição de carreira para área de UX e nunca atuou na área antes. Seja você designer ou não, esse livro com certeza pode te ajudar nesse processo. E, se você vem da área acadêmica sua identificação vai ser ainda maior!

Sem delongas e sem autoelogio, Lauryl fala sobre essa mudança a partir da sua própria trajetória. Ela nos conduz na transição de carreira a partir das suas próprias experiências, de uma antropóloga pesquisadora com perfil acadêmico que hoje atua com UX Research.

São 7 capítulos, que vão desde indicações de literatura básica para conhecer melhor a área até sobre como lidar com as entrevistas e desenvolver networking (muito importante).

Dentre todos os aprendizados que ela traz, um dos que eu achei mais relevante foi entender como ela “traduziu” as experiências com outras atividades como pesquisadora para que elas fizessem sentido na área de UX Research.

Eu me identifiquei bastante porque estava fazendo o mesmo caminho e tenho um perfil parecido com o dela: estava vindo da academia para o mercado. Por isso, me senti abraçada por cada página e tudo foi fazendo muito sentido. Me vi cada vez Mas, se você não vem de uma área de pesquisa, a Zenobi (2020) mostra que também é possível aproveitar outras experiências e habilidades, sem necessariamente vir dessa área para fazer essa transição.

De todo modo, a perspectiva que eu trago nesse texto é de quem fez esse caminho da área acadêmica para o mercado. Sei o quanto esse trajeto é permeado por inseguranças, receios e até mesmo uma visão de que estamos muito distantes do mercado. Acredito que os times de UX são excelentes lugares para acolher esses profissionais acadêmicos, que tem uma densa bagagem teórica e que só precisam de uma oportunidade para mostrar o seu potencial.

Seguem os 5 aprendizados:

1 - Experiência acadêmica é válida

Quando eu iniciei a graduação em Design me apresentaram dois caminhos possíveis: academia ou mercado. Como se uma escolha excluísse a outra. Por ter me apaixonado por pesquisa, acreditei que o único caminho para ser pesquisadora seria seguindo a carreira acadêmica ou iniciando uma nova graduação que me trouxesse uma formação mais inclinada à pesquisa. Foi assim que eu tomei o primeiro caminho depois de pestanejar um pouco.

Reconheço que a universidade que eu estudei tem um viés muito inclinado para pesquisa (salve salve UFPE). Mesmo sendo uma graduação em Design muitos dos trabalhos que desenvolvi durante a graduação resultaram em artigos científicos. Eu costumava optar por eles ao invés de entregar um "produto de Design" porque já havia feito minha escolha de trabalhar como pesquisadora. Confesso que isso até me deu uma certa crise por não desenvolver coisas tangíveis/visuais, não me sentia designer.

Depois de anos formada em Design eu só consegui me reconhecer designer e pesquisadora depois do Mestrado em Design na UnB ❤, muitas conversas com a minha orientadora (Shirley Queiroz ❤) e um tanto de terapia. Coloco esses corações porque ambas foram transformadoras e essenciais para mim.

Apesar disso…

2 - A maioria das habilidades necessárias para atuar com UX Research não são adquiridas com um diploma.

De acordo com a Zenobi (2020) existem algumas aptidões, que o mercado chama de soft skills, (aquelas habilidades que a gente aprende na escola da vida e que tem a ver com quem somos) que são fundamentais para atuar como UX Research (em português simples pesquisa de experiência de pessoas usuárias):

  • Empatia;
  • Curiosidade;
  • Senso de humildade e consciência de seus próprios preconceitos;
  • Intuição bem orientada;
  • Consciência e responsabilidade;
  • Colaboração e independência;

A área de UX tem uma das essências que mais gosto do Design: melhorar a vida das pessoas. Seja qual for a área de atuação do Design, o foco sempre será as pessoas (usuárias). Por isso, é importante que você goste de encontrar soluções pensando na experiência das pessoas usuárias, não basta querer resolver um problema!

É importante gostar de pessoas para atuar com UX, especialmente se for atuar com pesquisa. Afinal, você vai precisar entender, estudar e observar o comportamento delas, e inclusive falar com elas!

3 - UX Research é um ótimo caminho para acadêmicos da ciências sociais que querem atuar no mercado utilizando as habilidades de pesquisa.

Se você gosta muito de trabalhar com pesquisa e tem vontade de atuar em soluções práticas é provável que essa área te contemple. Além disso, quem vem da área acadêmica provavelmente possui hard skills (aquelas habilidades técnicas que a gente aprende estudando), que são necessárias para conduzir a pesquisa, como por exemplo:

  • Metodologias de pesquisa, incluindo a compreensão da estrutura e do ritmo de uma pesquisa para minimizar a probabilidade de vieses de pontuação ou erros com base em estilos de pergunta / resposta mal elaborados.
  • Analisar estatísticas, especialmente ao lidar com grandes conjuntos de dados, como aqueles produzidos por pesquisas, Google Analytics, ou outras análises de desempenho de sites / aplicativos.
  • Dominar um conhecimento específico, mas caso você não possua, vai adquirir esse conhecimento na sua nova função.

4 - Aptidão para escutar pessoas e curiosidade são essenciais para trabalhar com pesquisa

Assim como a Zenobi (2020), muitas pessoas que estão migrando para área de UX Research vêm da área acadêmica. Tenho notado isso nos grupos que eu participo e acho esse movimento maravilhoso! Porque faz muito sentido, afinal quem segue na carreira acadêmica desenvolve excelentes habilidades para pesquisar. Mas, ela ressalta, ter um mestrado ou doutorado não é essencial para atuar na área.

5 - O número de vagas na área de UX Research está crescendo!

Segundo Zenobi (2020), essa área além de estar em expansão, também está se especializando cada vez mais. Existem muitos segmentos de mercado, como: saúde, mídias sociais, imobiliário, entre outros, nos quais a resposta para “como podemos fazer isso funcionar melhor para os nossos usuários?” tem sido bastante valorizada. E diante disso, as habilidades de pesquisa desempenham um papel crucial no desenvolvimento de produtos.

Ela ressalta que grande parte do crescimento das empresas está associado ao valor que a pesquisa traz para as empresas, e não incorporar pesquisa nas etapas pode custar bastante caro.

Além dessas 5 lições básicas que foram fundamentais para eu ter mais certeza de que essa área tem tudo a ver comigo, o livro também exerce uma função de guia nas etapas necessárias para conseguir a tão esperada vaga na área. Destaco alguns capítulos:

04 “How to craft a resumé” no qual ela sugere o que fazer e o que não deve fazer quando for construir o currículo de UX Research.

05 “How to get experience” que tem um quadro maravilhoso ensinando a fazer a tradução das experiências, ela é muito didática e direta:

Acervo pessoal — Traduzindo as experiências

Com certeza ainda vou voltar muitas vezes nesse livro. Porque além de ser um excelente guia nesse processo de transição, Lauryl como uma boa acadêmica, traz muitas referências de estudo.

Espero que essa leitura também possa trazer luz para a sua trajetória e torço para que você seja feliz na sua transição de carreira!

Você também está nesse caminho? Já leu o livro? Compartilha nos comentários.
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Link para o livro: https://www.iwantauxjob.com/

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Láisa Rebelo

UX Researcher @GrupoBoticário | Mestre em Design (UnB) - Design, Sociedade e Cultura | UX Design | Consumption | Anthropocene | Utopia | Menstruation