Produto para menstruação não é opção, é necessidade

Láisa Rebelo
2 min readOct 7, 2021

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(salvei a imagem no pinterest e perdi a fonte)

Depois da ONU reconhecer a higiene menstrual como um direito das mulheres, a pauta avançou em diversos países que abordaram esse tema. A menstruação por muito tempo foi, e ainda é, um grande tabu. Distanciar mulheres desse assunto é também uma forma de roubar um direito sobre os nossos corpos, é uma forma de alienação. Como saberei me cuidar se não entendo o meu corpo? Mulheres adoecem e morrem por não terem acesso aos produtos para menstruação, que são vários: coletores menstruais, calcinhas absorventes, absorventes de pano e os famosos absorventes descartáveis. Reutilizáveis ou não, garantir o acesso de todas nós a esses produtos é nos permitir ter dignidade humana.

Países como a Escócia já aboliram a taxação do absorvente e outros já estão distribuindo esse produto, que é uma necessidade básica para a maioria das mulheres. Por muito tempo os absorventes foram taxados na Europa como produto de luxo!

Por aqui, mulheres no congresso trouxeram a pauta para discussão e conseguiram aprovar a distribuição gratuita desse produto, que vale ressaltar, o Brasil é um dos países que mais taxam absorventes. Pagamos impostos caros em cima de um item que não temos a opção de não usá-lo. Para não menstruar é preciso usar hormônios e isso também custa dinheiro e impacta a nossa saúde. Essa atitude, de vetar um projeto que beneficiaria a vida de milhares de meninas e mulheres, só reforça a imagem que nós temos dele.

Um dos seus argumentos, em relação ao SUS, foi sobre os absorventes não constarem na lista de medicamentos considerados essenciais (a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) e que dessa forma estaria beneficiando um público específico e assim o projeto não atenderia ao princípio de universalidade do sistema único de saúde. Ora, então nossas necessidades básicas não são consideradas relevantes? Mais uma vez é exposto de forma nítida que mulheres não são prioridades nas políticas públicas.

Se tudo é sobre orçamento e gastos, é importante ressaltar que investir na distribuição de produtos para higiene menstrual é uma forma de evitar diversas doenças que as mulheres em situação de vulnerabilidade social enfrentam por não acessarem esses produtos. Que podem ser desde a necessidade de fazer as trocas necessárias até mesmo a total ausência desses produtos, que leva muitas mulheres a usarem: miolo de pão, restos de pano, pedaços de papel ou qualquer outra forma que lhes possibilite conter o seu fluxo menstrual.

Isso também afeta a educação de meninas, que deixam de frequentar as aulas durante o período menstrual por não ter dinheiro para comprar esses produtos.

Mais uma vez todas nós perdemos, perde o Brasil.

#dignidademenstrual #menstruationmatters #direitoshumanos #pobrezamenstrual

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Láisa Rebelo

UX Researcher @GrupoBoticário | Mestre em Design (UnB) - Design, Sociedade e Cultura | UX Design | Consumption | Anthropocene | Utopia | Menstruation